Do magistério à pedagogia: quando a educação transforma sonhos em realidade

Em um estado onde apenas 1 em cada 10 adultos possuem acesso ao nível superior, concluir o terceiro grau é uma conquista que merece ser celebrada. Desta vez, as professoras Marcia Moura, Leildes dos Santos e Márcia Miranda estão sentindo o gostinho da vitória e a sensação de vestir uma beca de graduação pela primeira vez. Elas que possuem anos de prática docente na rede municipal de Itabuna com a formação em magistério, sentiram a necessidade de ampliar os horizontes e conseguiram por meio da Plataforma Freire atingir a graduação em pedagogia.

O Plano Nacional de Formação de Professores (PARFOR), ou simplesmente Plataforma Freire, consiste em um programa de incentivo do Governo Federal destinado aos professores da educação básica que exercem sua profissão apenas com o magistério. A proposta de qualificação profissional tem o objetivo de melhorar os índices educacionais, como também contribuir com a valorização do professor. A Profa. Marcia Moura (à esquerda), que havia terminado o magistério ainda na década de 1980, sempre teve o sonho de cursar história, mas acabou cursando pedagogia para aliar a prática que já tinha à teoria que precisava. “Entrei na rede como professora efetiva em 1990, dediquei metade de minha vida às crianças e jovens deste município. Recentemente me aposentei, mas tive a oportunidade de encerrar meu ciclo como professora graduanda em pedagogia. Entendi neste período que ser professor é ter sensibilidade ao ponto de identificar as dificuldades do aluno e trabalhá-las com efetividade”, afirma Marcia.

Outra pessoa que também está radiante é sua colega Leildes dos Santos (à direita), que entrou na rede municipal em 2002. Leildes relata que já havia sido aprovada na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) anteriormente, mas que abriu mão da graduação porque na época não tinha recursos financeiros para se manter na universidade, ainda que fosse pública. Hoje, professora efetiva da rede municipal, conclui o curso de pedagogia com o orgulho de quem entende que tudo tem o seu tempo. “Desta vez enfrentei novas dificuldades, quase pensei em desistir, mas tive o apoio de minhas colegas. Compreendo que ser professor é ir além dos muros da escola, é ensinar aprendendo e lutando todos os dias. Por isso que a união é tão importante para nós”, relata Leildes.

E por falar em lutas, Márcia Miranda (à esquerda) é outra guerreira que precisou vencer seus desafios para conquistar o sonhado diploma. Ela que entrou na rede em 1993 como prestadora de serviços e que foi efetivada mediante concurso público em 2002 já havia desistido de uma graduação anteriormente porque não tinha mais como arcar com os custos de uma faculdade particular. Hoje, celebra radiante o diploma que irá receber de uma universidade pública. “Sempre gostei de estudar, mas ainda muito nova me tornei mãe e acabei constituindo família. Minhas prioridades mudaram, mas no fundo, sempre quis ir a uma universidade. Via colegas discutindo temáticas envolvendo Paulo Freire, Piaget e Vygotsky e dizia que queria aquilo para mim. Com a graduação eu reaprendi muitas coisas, inclusive questionei minhas práticas docentes. O curso me fez entender que cada indivíduo possui uma particularidade e que eu não posso usar a mesma medida para todos. Criei novos hábitos, intensifiquei a leitura e hoje estou me formando numa das universidades públicas mais respeitadas do país”, declara Miranda, bastante emocionada.

Todo esforço será recompensado, pois no dia 08 de novembro as professoras estarão colando grau, recebendo o diploma e sendo aplaudidas por seus famílias e amigos no auditório Paulo Souto da UESC. De certo que elas venceram seus medos, enfrentaram o sistema e provaram o que o poeta já anunciava: “viver é melhor que sonhar”.

Fonte: Ascom SIMPI

Foto e Texto: Jeremias Barreto

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